Gripou? Tratamento para aliviar sintomas pode superar R$ 130 em MS, mas tem como sair de graça

Passar por uma consulta médica é essencial antes da automedicação

Karina Campos

Por: Noticias Digital – 13/05/2024 – fonte: https://midiamax.uol.com.br/

Medicamentos para doenças respiratórias nas prateleiras (Arquivo, Midiamax)

Mudanças consideráveis no tempo, queda na imunidade e surto de doenças respiratórias lotam unidades de saúde em Mato Grosso do Sul. Além da dor física, adoecer acaba doendo, também, no bolso. Isso porque medicamentos utilizados para alívio dos sintomas da gripe ou do resfriado podem custar a partir de R$ 4,19 em farmácias de Campo Grande, mas superam R$ 130, a depender da receita médica.

Isso considerando valores unitários: “coquetéis antigripais”, que formam um combo com analgésicos, antitérmicos, antialérgicos, vitaminas e demais medicamentos, também ficam salgados. Assim, o que não dá pra retirar na farmácia do posto de saúde, acaba pesando no orçamento.

E em meio a esse cenário caótico de saúde, e mesmo que alguns medicamentos para tratamento de doença viral possam ser comprados sem receita médica, surge a preocupação com a automedicação, que pode provocar reações indesejadas. Portanto, é essencial passar por consulta com um profissional de saúde que irá indicar a medicação para cada caso.

Ronaldo de Jesus, assessor técnico do CRF-MS (Conselho Regional de Farmácia de Mato Grosso do Sul), explica que enfrentamos uma época endêmica, com a dengue, além da soma da epidemia. Ou seja, uma dor de cabeça, que também é sintoma de resfriado, pode ser um sinal de dengue. Portanto, é imprescindível passar por avaliação com um profissional de saúde.

“A gente tem que verificar que uma gripe naturalmente já é forte. A gente compara um resfriado como se o resfriado fosse um ‘gatinho’, e a gripe fosse um ‘leão’. Para a gripe, a gente tem um medicamento específico, que é o Tamiflu, o antiviral ou o Oseltamivir, que está disponível, sim, no SUS (Sistema Único de Saúde)”, explica.

Segundo Ronaldo, a indicação desta droga é, preferencialmente, nas primeiras 48 horas do aparecimento dos sintomas, com prescrição médica.

“Já para o resfriado comum, que é o que mais acontece, o tratamento é sintomático. São analgésicos, antitérmicos, antialérgicos, por causa da coriza no nariz. Mas também (tem) no SUS, qualquer UBS (Unidade Básica de Saúde) possui esses medicamentos para dispensação. Então, no atendimento, o paciente só precisa da receitinha para retirar no posto de saúde, mesmo que seja atendimento particular”.

O profissional alerta que, no caso dos antialérgicos, o medicamento pode desencadear sonolência. Logo, o paciente deve ficar atento caso for ingerir e precisar fazer atividades que requerem atenção, como dirigir ou operar máquinas pesadas.

“Da mesma forma, analgésicos podem causar algum probleminha no fígado. No caso do Paracetamol, por exemplo. Então, a pessoa não pode tomar indiscriminadamente. O correto mesmo é procurar a orientação, ou um serviço médico, ou farmacêutico. Vai numa farmácia, pede para falar com o farmacêutico para avaliar a melhor opção terapêutica da pessoa”, orienta.

Remédios vão de R$ 4 a R$ 133 – ou de graça na UPA

Entre os analgésicos mais comuns utilizados está a Dipirona Monoidratada de 500 mg. Em grandes redes, o medicamento com 10 comprimidos pode ser encontrado por R$ 4,19. Também pode ser encontrado nelas comprimidos genéricos de Paracetamol 750 mg com 10 comprimidos por R$ 4,89. Já o Tamiflu (Fosfato de Oseltamivir 30 mg com 10 cápsulas) pode ser comprado por R$ 132,99. Em outra farmácia de rede, o Ibuprofeno de 600 mg com 20 comprimidos custa R$ 17,54. A Dipirona Sódica de 500 mg pode ser comprada por R$ 5,99.

A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) disponibiliza uma lista de todos os medicamentos fornecidos nas farmácias das unidades de saúde. A última atualização da quantidade no estoque foi realizada em março deste ano.

Conforme a listagem, boa parte dos medicamentos utilizados no tratamento da gripe ou resfriado estão disponíveis em todas as unidades de saúde. Clique AQUI e confira.

Gripe ou resfriado?

A gripe é causada pelo vírus influenza. Seus sintomas geralmente aparecem de forma repentina, com febre, vermelhidão no rosto, dores no corpo e cansaço. Entre o segundo e o quarto dias, os sintomas do corpo tendem a diminuir enquanto os sintomas respiratórios aumentam, aparecendo com frequência uma tosse seca. Como no resfriado, na gripe a presença de secreções nasais e espirros é comum.

Já o resfriado é causado na maioria das vezes por rinovírus. Seus primeiros sinais costumam ser coceira no nariz ou irritação na garganta, os quais são seguidos após algumas horas por espirros e secreções nasais. A congestão nasal também é comum nos resfriados, porém, ao contrário da gripe, a maioria dos adultos e crianças não apresenta febre ou apenas febre baixa.

Ainda não existem medicamentos que tenham demonstrado bons resultados no combate aos vírus da gripe e do resfriado, por isso, o tratamento é direcionado ao alívio dos sintomas. Os principais medicamentos sintomáticos utilizados são os analgésicos e antitérmicos, que aliviam a dor e a febre.

Conforme o Cebrim (Centro Brasileiro de Informação sobre Medicamentos), a vacina é a melhor maneira de evitar a gripe e suas complicações. Todos os anos é necessário receber uma nova dose, já que sua composição é alterada de acordo com o tipo de vírus mais provável de se disseminar. A vacina previne aproximadamente entre 70 e 90% dos casos de gripe, mas não protege contra outras infecções respiratórias como o resfriado.

Jamais se automedique sem prescrição médica

O CFF (Conselho Federal de Farmácia) ressalta que, normalmente, para o tratamento dos sintomas de resfriados e doenças respiratórias são indicados analgésicos simples e soro fisiológico nasal, medicamentos que dificilmente causam danos a curto prazo. No entanto, ao combinar medicamentos como anti-histamínicos, antialérgicos e vasoconstritores, há riscos maiores do aparecimento de efeitos colaterais, intoxicação por posologia inadequada e até mesmo surgimento de alergias.

A automedicação também aumenta o risco de efeitos colaterais indesejados no tratamento de condições e doenças crônicas comuns em idosos, o que pode levar a complicações graves ou piora dos sintomas.

“Nesse contexto, é importante destacar a importância do diagnóstico médico e do papel dos farmacêuticos na orientação sobre o uso correto dos medicamentos. Os farmacêuticos podem fornecer informações sobre posologia adequada, efeitos colaterais, contraindicações e esclarecer dúvidas sobre medicamentos de venda livre, auxiliando no uso correto dos medicamentos e, na prática do autocuidado”.

Previna-se

Recentemente, a SES (Secretaria Estadual de Saúde) e o HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul) divulgaram uma nota para cuidados básicos que auxiliam na prevenção contra infecções por síndromes respiratórias, como a covid-19 e a influenza. O médico pediatra do HRMS, Haroldo Luiz Lins e Silva, reforça que evitar contato próximo com pessoas infectadas e lavar as mãos frequentemente são dicas fundamentais para se prevenir.